domingo, abril 24, 2005

não sou...(suspiro)



(pintura de maria manuela mendes da silva "caminho da foz")

não sou...somos !
vivo-te no meu espaço
naquele que te dei em mim
naquele onde te sinto todos os dias

(segredo-te meu suspiro na noite...)

não era...eramos !
nascemos na primavera
fizemos os rebentos desabrochar
das árvores adormecidas do nosso passado

(...segredo-te meu suspiro...)

não serei...seremos !
vagueamos no tempo
qualquer fim que não conheço
mas sei, que permanecerás

(...suspiro-te...)

ruiluis

sexta-feira, abril 15, 2005

algum dia


(pintura de maria manuela mendes da silva "renascer")


algum dia, irei-te falar a última palavra
algum dia, irei-te ver pela última vez
(encontrei-me tantas noites a chamar o teu nome...)

algum dia, irei-te dedicar a última flor
algum dia, recordarei o nosso último beijo
(...porque a saudade nunca se esquece de ti...)

algum dia, o nosso perfume se difundirá no tempo
algum dia, o teu sabor se neutralizará no meu espaço
(...e eu adormecia-me na tua memória)

nesse dia amor, não irei mais existir...
nesse dia amor, levo-te comigo
para sempre...para sempre...

ruiluis

"algum dia" em italiano - sole di primavera

domingo, abril 10, 2005

a falta das palavras



(pintura de manuela pinheiro "mulher nr. 1")

faltam-me as tuas palavras...
momentos a dividir por ti,
algumas letras no amanhecer
que se perdiam em lençóis mornos...

faltam-me as tuas palavras...tuas !

faltam-me as tuas palavras...
algumas frases que de repente me dizias,
em que acreditei que o sol também nascia para mim,
se punha, quando unidos estavamos...

faltam-me as palavras...tuas !

faltam-me as tuas palavras...
sim, era com elas que me vestia
e que brilhavam na minha pele ao luar
em tatuagens, de ti em mim...

faltam-me as palavras, para eliminar
este silêncio...teu !
ruiluis

terça-feira, abril 05, 2005

conto de amor na primavera


( pintura de miguel oscar menassa "amor a corazon abierto" )


novo dia de primavera
numa boca, por um beijo desejado...
a saliva misturada
com sabores de flores do campo

depois o sol mistura-se entre dois corpos
que borboleteiam nas aragens mornas
em campos verdes de jardins
nas sombras do desejo

libertam-se os segredos
de aromas baunilhados
em sussurros nas orelhas molhadas
de mordiscos vermelhos

fantasias de cadiado abrem-se
numa liberdade de rosas,
arrombam todas as celas e amarras
e gritam-se inundadas de prazer comum

amo-te na primavera, sabes que sim...!

ruiluis