domingo, outubro 22, 2017

CLIII 4


(Foto by Maruxinha)




Vi-te, tremi.
Confirmei-te, suspirei.
Trazias a chave da minha gaveta,
trancada a cadeado.

Foste abrindo-a, com delicadeza.
Pouco a pouco,
soltaram-se as lembranças,
acordaram-se as memórias.

O mar vai trazendo o passado,
como uma “história interminável”
Onda a onda, um gesto teu.
O pôr do sol, a saudade.

Cada palavra escrita, a descoberta.
Escutei-te, estremeci.
A tua voz suave e meiga,
doce e madura,
acalmou o meu anseio.

Trocam-se gostos,
desvendam-se cumplicidades.
Cada música, cada letra,
cada foto, cada momento,
faz diminuir a distância.

O passado mistura-se com o presente.
Procuro-te no luar.
Esboço o teu rosto,
no tecto do meu quarto.

Acordo e corro para a janela.
Vejo o teu olhar, o teu sorriso,
a cada amanhecer.
O presente mistura-se com o passado.
“Nem eu” mais me entendo


Maruxinha

segunda-feira, outubro 16, 2017

CLIII 3



(Foto: "Mar de Galicia" by Ruiluís) 


Pensava em ti,
Na distância,
No percurso...

Com o silêncio das abelhas
As nuvens fechavam o azul do dia 
Com o vento as pétalas das margaridas
Soltavam-se da flor 

Sabemos do nosso segredo 
como um Outono distante
E arrumamos as nossas prendas em gavetas fechadas à chave
Para entregar quando o tempo for certo

O vento do outono leva as pétalas 
e deixa as voar para um destino qualquer
No silêncio das abelhas os nossos corpos 
aproximavam-se com a cumplicidade do Atlântico

Pensava em ti,
Na distância,
No percurso...


Ruiluís